O que visitar em Cabril

Caminho Cultural de Cabril

A junta de freguesia no nome do seu presidente Márcio Azevedo aproveitou as paragens de autocarro para dar mais vida à paisagem natural que rodeia as aldeias. 

Com a curadoria de Susana Antao, 8 artistas tiveram a seu cargo interpretar visualmente as tradições e ofícios de Cabril. A vezeira das cabras e vacas, o ciclo de azeite, o ciclo do linho, a colheita do milho, a cozinha tradicional e o mel através da silha dos ursos. 

Cabril tem a sua identidade muito marcada e a identidade de cada aldeia é a sua tradição e que não há nada mais belo do que relembrar essas tradições e eternizar as gentes do nosso passado para memórias futuras. 

Igreja Matriz

“Este trabalho de pesquisa e investigação apresenta a história documentada (Arquivo Distrital de Braga) do processo de mudança da igreja da freguesia de Cabril (Gerês), do lugar de São Lourenço para o Outeiro do Lugar da Vila. Em que local estaria edificada a Igreja antiga? Tudo leva a crer que seria no local onde hoje está situada a capela do lugar de São Lourenço. As inquirições do ano 1258, a tradição oral, as descrições no Tombo da igreja e os documentos do processo de mudança apontam nesse sentido. Seria, como todas as igrejas da época de paróquias rurais e serranas, uma Igreja românica, singela e em granito da região. Não passaria de um modesto edifício muito pequeno.
Ler mais
Num dos registos do processo de mudança da igreja é referido que era uma igreja muito pequena tendo quarenta e quatro palmos de comprido e vinte e dois de largo e a capela-mor dezasseis palmos. Com certeza que era constituída, como todas, pela capela-mor da obrigação do abade e pelo corpo da igreja, este da responsabilidade dos fregueses. As suas paredes seriam espessas, teriam uma porta principal e outra lateral e algumas frestas para entrada de luz e ar; o telhado seria de duas águas, forrado a madeira; o pavimento, tudo leva a crer que fosse em granito, em forma de ladrilho. Em suma, um edifício simples e pobre, mas que satisfazia as necessidades espirituais e sócio-religiosas da sua população.
Inicia-se o processo de mudança de lugar da igreja com um pedido dirigido ao Arcebispo de Braga em 30 de Junho de 1726, feito pelos moradores de Pincães e Fafião, no sentido de ser autorizada a construção de uma nova Igreja para uso dos dois lugares. Fundamentavam o pedido dizendo que a igreja estava situada num ponto muito distante e por caminhos muito ásperos pelo meio dos montes do Gerês, o que tornava um tormento o transporte dos defuntos dos ditos lugares para a igreja. Nos baptismos já tinham morrido algumas crianças com o frio das neves, e no inverno ninguém destes lugares ia à santa missa à Igreja matriz. Diziam também que os dois lugares tinham trinta e cinco fogos e que poderiam sustentar os gastos na edificação de uma nova igreja e garantir o sustento de um novo pároco. Apresentavam, como testemunhas das suas afirmações, alguns abades de freguesias vizinhas. Esta petição teve forte oposição do então abade de Cabril assim como um parecer desfavorável do abade visitador.
Os moradores de Pincães e Fafião apresentaram uma nova petição a 23 de Dezembro de 1727, insurgindo-se contra a informação do abade visitador. Afirmavam que o abade de Cabril se tinha ausentado para o Brasil sem a devida autorização do Arcebispo de Braga. Também diziam que a freguesia de Cabril era bastante rica para ser dividida por dois párocos. Se os seus argumentos não forem considerados, em alternativa que se mude a igreja para o vale de Cabril, que fica no centro da freguesia.
A petição de mudança é deferida a 14/02/1730, sendo pedido o parecer do abade de Cabril, entretanto regressado do Brasil. O parecer do dito abade foi favorável tendo um acórdão da Relação de Braga, em 01/08/1730 autorizada a mudança da igreja para o sítio do Covato, junto ao lugar de Cavalos, sítio escolhido pela maioria dos moradores de Cabril e seu abade. A petição acima referida é contestada pelos moradores dos lugares de S. Lourenço, Chelo, Xertelo, Azevedo e Lapela, ficando o processo de mudança vários anos suspenso.
Passados vinte anos em 10/10/1750, os moradores de Cabril apresentam uma provisão ao Arcebispo de Braga, dizendo que tinham alcançado na Relação de Braga uma sentença favorável, para mudarem a igreja matriz para o lugar de Cavalos, pedindo autorização para fazer a mudança e arruinarem a igreja antiga, aproveitando os materiais para a nova. A provisão é deferida em 15/12/1750.
António Gonçalves dos Santos, novo abade da freguesia de Cabril, e moradores apresentam uma petição pedindo a troca do sítio do Covato para o sítio do Outeiro, no lugar da Vila. Diziam que, no Covato, não tinham condições nem espaço para edificar a igreja, só se comprassem mais terreno a particulares. Mas, se a igreja fosse edificada no Outeiro, ficava muito mais bem situada e com menos encargos, porque esse terreno era da freguesia e ainda havia espaço próximo para fazer a residência do pároco. Pediam os suplicantes licença ao Arcebispo de Braga para se edificar a igreja no sítio do Outeiro no lugar da Vila. Depois do parecer favorável do abade visitador, a petição é deferida a 09/03/1752, sendo finalmente autorizada a edificação da nova igreja de São Lourenço de Cabril.
Em 06/12/1754, o abade de Cabril, António Gonçalves dos Santos pede autorização para ser benzido o corpo da igreja e mudar os santos e o sacrário da Igreja velha para a nova, pois já reuniam condições para a realização dos actos religiosos. A autorização é deferida em 10/12/1754. Em 12/06/1755, abade de Cabril faz a última provisão deste processo de mudança. Foi pedida autorização para benzer a capela-mor da igreja, na forma do ritual romano. Em 23/06/1755, é autorizada a provisão acima referida e devidamente registada, em 26/06/1755, no Registo Geral do Arcebispado de Braga. Ficou finalmente encerrado todo o processo de mudança de lugar da igreja matriz de São Lourenço de Cabril. Como se vê neste processo, a burocracia não é um fenómeno só dos nossos dias. Já em tempo antigo existia, tendo demorado trinta anos a fazer a mudança da Igreja. Mas valeu a pena esperar tantos anos. Foi edificada uma bonita e espaçosa igreja com a rica arte sacra de Braga do século XVIII. “
Pereira, Paleólego B.M. ( 2011 ) História e Património Religioso São Lourenço de Cabril Braga: s.n.

Miradouro de Fafião

Chegados a Fafião, siga as indicações do miradouro, ande um pouco a pé e pode usufruir de uma vista deslumbrante.

Santuário de Nossa Senhora das Neves. 

Visite este espaço, aproveite o parque de merendas na sombra de um centenário bosque de medronheiros e alguns carvalhos que tornam este espaço único e de uma beleza ímpar.
Todos os anos, dia 5 de agosto, muitos devotos vêem até a capela para assistir à celebração da eucaristia e cumprir promessas. 
O lado pagã destas festividades também atrai muitos visitantes das aldeias vizinhas tornando-a uma das mais apreciadas desta zona
A sua construção data de 1720 com uma história singular que pode ler a seguir.

Ler mais

O Padre Diogo Martins Pereira diz no seu manuscrito que o Padre João Martins Pereira do Lugar de Chelo, Freguesia de Cabril foi o impulsionador da construção da atual capela da Senhora das Neves. Quando se decidiu pela construção da nova capela, no local haveria apenas só ruínas do convento das Pondras e da Igreja tinha ao lado, destruídos pelos invasores na guerra da delimitação de fronteiras e de combate aos cristãos. Diz o Padre Diogo, que leu num catálogo dos antigos Mosteiros dos religiosos de São Bernardo, onde citava o Mosteiro de Pondras, que pagava nos primeiros anos uma pensão ao Mosteiro da Senhora das Unhas que se situava na Vacariça de Pitões – Montalegre. Só deixaram de pagar porque estes não concorriam com nada para a Igreja da Senhora das Neves. Foi então estabelecido que os moradores dos lugares adjacentes contribuíssem com um tostão para aí se festejar a Senhora das Neves no dia cinco de agosto.
O Padre João era um fervoroso devoto da Senhora das Neves e não descansou enquanto não edificou uma nova Capela, que diz ter como alicerce a igreja antiga que estava ao lado da porta principal do mosteiro das Pondras. Quando da execução das fundações foi retirado do mosteiro um varão de ferro que fazia parte da cobertura, concluindo que a base estaria muito funda, o que tornava ao tempo impraticável a sua descoberta à luz do dia. Aproveitou assim o suporte da Igreja antiga para instalar a nova capela. A verdade é que existe ali pedra sobrante antiga, possivelmente de uma outra construção antiga existente (Mosteiro das Pondras) que estaria ligado ao Mosteiro de Pitões. Escavações no local, colocariam em visibilidade a necessária confirmação. A capela tem inscrita a data de 1720, que é a data de construção em honra de nossa Senhora das Neves. O Padre João de Chelo, nascido neste lugar e provavelmente Pároco da freguesia de São Lourenço de Cabril, é citado pelo Padre Diogo, que viveram no mesmo século e a fonte de todo a informação. Não temos a data exata da construção do Mosteiro, que albergaria cerca de 60 Monges, mas o encontro de ferro nas escavações poderá indicar o século da sua construção. O ferro forjado começou a ser utilizado na Península Ibérica a partir do século XV, pelo que pode ser nesse século o surgimento do Mosteiro. O Padre Diogo Martins Pereira, escreveu que no convento viviam 60 Monges trabalhavam e oravam, que foram mortos pelos invasores.
Na falta de documentos sobre as aldeias e a vida em Barroso em que algumas delas simplesmente desapareceram e outras novas foram criadas. Este documento manuscrito deste padre, natural da Casa da Freiria na aldeia de Pincães da Freguesia de Cabril, dá-nos alguma luz sobre o século XVIII destas aldeias da Freguesia de Cabril dos lugares das suas gentes e de algumas famílias. Cita particularmente a casa da Freiria onde nasceu e a sua genealogia das famílias e a dos Casais em Pincães e casa da Fonte em São Lourenço da fauna e flora existente no seu tempo de sítios onde havia moradores cujas casas desapareceram, mas que ainda estão no ouvido dos atuais moradores. Ajuda-nos assim a compreender melhor o percurso dos nossos antepassados. Este documento chega a Pitões e Covelo do Gerês. No que é citado no manuscrito para Covelo do Gerês, comprovamos a existência de um natural da freguesia citado como Governador Militar de Valença do Minho que comandou as tropas portuguesas e impediu o exercito espanhol de entrar em Portugal. Este facto foi comprovado como verdadeiro, dado que estava repetido num site da internet.
Refere também um milagre de um residente em Vila Nova que evocou a Senhora das Neves ao cair de uma cerejeira. Na queda teve uma visão da Senhora das Neves e não teve qualquer ferimento.
É também muito usado o clamor a Senhora das Neves nos casos extremos de tempo a (muito sol ou muita chuva) pedir a mudança do tempo a Senhora regressa à Capela. O pedido é satisfeito por sua interceção e o tempo muda.
O cruzeiro antigo, que existia na frente da capela foi mandado erigir por Domingos Aguiar, morador que foi no lugar de Vila Nova, por graça recebida pela sua filha Ana Aguiar. Foi derrubado por um camião em 2017, quando das obras no recinto e partiu, ficando no novo cruzeiro integrada a base do cruzeiro original com a evocação, conforme se pode verificar no local.

Doutor Manuel Afonso Machado in Ecos do Barroso 

Cascata de Cela Cavalos 

Estacione o carro no cruzeiro de Lapela, siga a pé pelo meio da aldeia até ao incio da estrada em terra batida. Depois de andar 20 mim no estradão encontra esta linda cascata. Depois das primeiras chuvas, a água abunda no leito do ribeiro tornando a Cascata de Cela Cavalos mais encantadora.

Fojo do Lobo de Xertelo

Depois de estacionar o carro antes de entrar na aldeia ande 10 mim a pé e facilmente encontra o fojo.

O fojo dos lobos de Xertelo foi recuperado recentemente, para perpetuar na memória das gentes a constante luta entre o homem e o lobo. 

À semelhança do todos os outros fojos é uma armadinha construída de paredes graníticas que terminam num poço, e tinha como objectivo a morte dos lobos. As suas paredes chegaram a ter 500m de comprimento.

Os lobos eram encaminhados por populares em batidas pela população que os conduziam para o Fojo.

Pela sua localização, este fojo não servia apenas Xertelo, nas batidas participavam São Lourenço, Azevedo e Chelo que também partilhavam a serra no pastoreio

Cascata de Pincães

Para chegar a este paraíso, deixe o carro no Largo do Carvalhal logo na entrada da aldeia. Seguindo as placas informativas, ande 30 mim por estradão e caminho de pé posto até que vê esta maravilhosa cascata.

Praia da Barca

Na Albufeira da barragem de Salamonde pode desfrutar do parque de merendas, do sol e de águas mornas para relaxar o corpo e a mente.

Fojo do Lobo de Fafião

Ao entrar na aldeia, estacione o carro, siga as placas informativas e andando 10mim a pé entra no fojo. 

O Fojo do Lobo de Fafião é uma estrutura com paredes graníticas convergentes com 60m de comprimento e 2,2m de altura, que afunila para um fosso de 4,5m de diâmetro e 3,9m de profundidade.

Não se sabe ao certo a sua data de edificação, historiadores acreditam que data do século XV, outros afirmam que é do final século do XVIII. Nas décadas de 1980 e 1990 sofre obras de beneficiação e limpeza. 

O Fojo era uma armadilha utilizada para caçar os lobos que ameaçavam os rebanhos da aldeia. Os lobos eram encaminhados por populares em batidas que os conduziam para o Fojo. As esperas eram buracos escavados na terra onde ficavam os atiradores aguardando os lobos bem camuflados por todo o tipo de arbustos e sebes. A última utilização deste Fojo data de 1948, com a ameaça de extinção dos lobos, Fafião tem agora um papel importante na preservação da espécie.

Moinho Cubo Vertical Xertelo

Na entrada da aldeia encontra placas informativas que o levam até ao Moinho, 

Este Moinho Cubo Vertical foi reabilitado para que não se percam os legados de outros tempos. 

Este moinho é especial porque a sua estrutura em pedra em forma de poço com 8 anéis acumulava a água e o seu peso fazia mover a mó. 

Estando perfeitamente recuperado o manípulo de madeira que abre a água fazendo girar pela força da gravidade o rodízio a uma velocidade certa onde o milho e centeio são moídos.

Poços verdes do Sobroso ( 7 Lagoas )

Antes de entrar na Aldeia de Xertelo, estacione e procure o placard informativo do início do trilho PR9 MTR. Siga as o indicações do PR e em 90 mim chegará em segurança os poços e cascatas tão apreciadas por todos. 

Minas dos Carris

Situadas na Serra Do Gerês, as Minas dos Carris são um complexo mineiro abandonado e encontram-se a uma altitude superior aos 1400 metros.
Inseridas numa zona protegida, mas não dentro da área de proteção total, chamamos atenção para o facto de se tratar de uma zona é de acesso limitado, sendo necessária autorização do Parque Nacional para aí caminhar.

Ponte Nova e Ponte Velha

A Albufeira de Salamonde surge da construção da barragem inaugurada em 1953,  com uma estrutura em arco com 75 metros de altura. Aquando do aumento do nível das águas Cabril viu a sua paisagem completamente alterada, lagares de azeite, moinhos e lameiros tornaram-se parte da albufeira submersos e perdidos de vista.

A Ponte Velha de estilo românico do período medieval apresenta um arco de volta perfeita erigido com um cuidado aparelho isódomo, o qual vence um vão com cerca de dois metros de largura. O tabuleiro eleva-se em cavalete e o arco encontra-se fortemente consolidado nas margens através de dois pegões divergentes. O pavimento é constituído por lajes regulares e não possui guardas.

Ler mais

Esta teve de ser substituída pela Ponte Nova para manter a ligação entre as duas margens do rio Cabril. 

Quando as águas da barragem descem o passado e o presente encontram-se numa vista desafogada da Ponte Velha como companhia à Ponte Nova. Por outro lado, quando a cota do nível da água é maior surge a singela imagem da Igreja Matriz em reflexo, e em tons de verde e/ou amarelo, a floresta circundante sobre um azul intenso do céu.

Nos dias mais quentes os jovens da terra, à rebeldia dos mais sensatos saltam da Ponte Nova para a água desafiando-se mutuamente na procurar do mais destemido. Ao mesmo tempo fazem as delícias dos que lá passam que param a assistir a este espetáculo com grande entusiasmo.

  • Neste cantinho deixe um pouco de si, leve o melhor de nós.

  • A natureza pede socorro, faça a sua parte, não deixe lixo, todos agradecemos

  • Cada visitante é responsável pelo seu lixo, deixe-o nos locais apropriados

  • Compre nos produtores locais, ajude a sermos sustentáveis.

  • Não há terras bonitas se estiverem sujas

  • Não deixa o lixo no chão da sua casa, então não o deixe na natureza, esta é a nossa casa.

  • Na natureza, deixe apenas pegadas, tire fotografias e leve boas memórias.

  • Poupar energia, reciclar o lixo e economizar água não são obrigações, são deveres.

  • Trazemos a nossa freguesia no coração, passa por cá e leva-a também no teu

  • Deixe que os seus actos sejam uma pegada verde no seu trilho.

  • A preservação da natureza, é uma responsabilidade de todos, não deixe lixo, traga-o consigo

  • Colhemos o que plantamos, não deixe lixo, deixe sementes.

  • Entre vales e montanhas, há sempre sítios fantásticos para conheceres, aventura-te

  • Uma vida parada é uma vida sem cor, por isso vem trazer a tua boa energia e colorir ainda mais a nossa freguesia


©  Cabril Serra do Gerês | Política de Privacidade | Powered by Ricardo Magalhães Design